Burmester quer deixar "memória" na música

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A "comunidade musical portuguesa" terá maior visibilidade na programação da Casa da Música do próximo ano. Fado, espectáculos de guitarra portuguesa, uma homenagem a José Afonso no ciclo Revolução, entre 25 Abril e dia 1 Maio, e uma série de concertos a partir da obra Emmanuel Nunes são algumas das propostas (ver caixa).

Pedro Burmester, que apresentou ontem as linhas gerais da programação para 2007, referiu que a Orquestra Nacional do Porto (ONP), agora integrada na Casa da Música (CM) , será fundamental para fidelizar e conquistar novos públicos. A ONP, revelou o seu director artístico, a partir de 2008 terá um novo maestro titular, substituindo Marc Tardue que a dirige há oito anos.

O maestro titular é escolhido entre os maestros convidados a dirigir a Orquestra Nacional do Porto, em espectáculos específicos, durante o próximo ano. "Foi-lhes dada liberdade para a selecção de repertórios a apresentar, de forma a evidenciarem as suas qualidades artísticas", diz Pedro Burmester.

Nos próximos cinco anos a ONP, segundo o director artístico da C M, pode tornar-se na maior orquestra da Península Ibérica, assumindo projecção a nível internacional. Em 2007, as actuações na Casa da Música da ONP cativarão uma assistência de cerca de 50 mil pessoas. Os concertos estão marcados para o fim-de-semana, com excepção dos meses de Maio e de Novembro, porque há ópera no Coliseu do Porto e a orquestra participa nesse evento. Ao domingo, os espectáculos, às 12.00, são comentados.

A programação de 2007 custará cerca de 4,4 milhões de euros e integra um projecto que pretende "deixar memória", refere Pedro Burmester.

Espanha e Emmanuel Nunes

A partir de Janeiro, na Casa da Música, embora a participação da comunidade musical portuguesa na programação seja substancial, não esquece a produção musical espanhola. Ao país vizinho é dedicado um ciclo temático, que vai chamar-se Dias de Espanha.

Emmanuel Nunes será a personalidade central de um conjunto de concertos, palestras, workshops e encomendas. Além de uma retrospectiva da obra, que se estende por vários momentos da programação, o compositor português terá cinco períodos de residência na Casa da Música - Janeiro, Julho, Setembro, Outubro e Dezembro - durante os quais irá dirigir seminários de composição e, "pela primeira vez em Portugal, workshops de repertório clássico e contemporâneo dirigido a jovens intérpretes".

Fim da Ópera e crítica a Rio

Burmester, durante a apresentação da programação, anunciou o encerramento do Estúdio de Ópera, um dos agrupamentos residentes da Casa da Música. Segundo o director artístico, a suspensão desta unidade, que integra 16 jovens, é a "decisão certa neste momento".

O modelo de funcionamento do Estúdio de Ópera "terá de ser repensado", em conjunto com o Ministério da Cultura. Na opinião de Burmester, uma unidade deste género "deveria ficar no Teatro Nacional de S. Carlos".

A título pessoal, Pedro Burmester criticou a decisão de Rui Rio, presidente da Câmara do Porto ( accionista institucional da Casa da Música), de cortar os apoios pecuniários da autarquia a actividades culturais. "É uma decisão errada. Gostaria de ter uma cidade que apostasse na cultura com um eixo de desenvolvimento". Na opinião do pianista, a cidade do Porto, neste momento, possui as condições para isso. E , como exemplo, apontou a importância da Fundação de Ser- ralves, Teatro Nacional de S. João e Casa da Música, entre outras instituições culturais, que marcam a imagem do Porto no exterior.

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